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30 de maio de 2018

Sobre Intervenção Militar e Outras Sandices

Uma coisa que chamou a atenção na greve dos caminhoneiros foram as faixas, pichações e falas dos grevistas pedindo "intervenção militar", que levando ao pé da letra, seria nada menos que o retorno dos militares ao poder e da ditadura no Brasil.

Na época do Impeachment da ex presidente Dilma isso também era comum nas manifestações.

Na verdade trata-se de uma reivindicação incoerente. Na época em que Brasil era governado pelo militares, de 1964 até 1978, todos que estão agora clamando pela intervenção militar, seriam impedidos de se manifestar ou presos. Para quem não se lembra ou não sabe, naquela época, os dias eram assim, cerceamento das liberdades individuais ou coletivas, repressão e censura. Existiam instrumentos como a "Lei de Segurança Nacional" e o AI 5 que não permitiam nada disto.


No Brasil, ainda hoje, é comum ouvirmos discursos saudosos daqueles tempos, com as pessoas afirmando que naquela época não tinha corrupção, não tinha violência, etc.

Só esqueceram que, naqueles tempos sombrios, tínhamos censura na imprensa, ou seja tinha tudo isso sim, mas não ficávamos sabendo porque os jornais e meios de comunicação eram impedidos de publicar ou informar e quem se atrevia sofria as consequências.

Políticos, jornalistas, educadores, trabalhadores, estudantes ou qualquer cidadão que insistiam em se manifestar contra ou questionar eram processados, presos, condenados e perdiam seus direitos políticos. Em alguns momentos em que se tentou um enfrentamento nos poderes legislativo ou judiciário o resultado foi Congresso Nacional fechado e Ministros do Supremo Tribunal cassados.

O fim da ditadura no  Brasil foi fruto de um acordo entre os militares e a oposição com a negociação uma Lei da Anistia que muitos afirmam ter sido a possível para aquele momento.

Esta Lei não permitiu que os desmandos e fatos fossem devidamente apurados, investigados e os responsáveis punidos e todas as tentativas de revisão foram  e ainda são sistematicamente  barradas, seja pelo legislativo ou pelo judiciário.

Ainda existem inúmeros desaparecidos políticos e mortes não esclarecidas. Recentemente a divulgação de um relatório da CIA mostrou que a execução de "inimigos" foi uma política de estado e não decisões isoladas e desconhecidas por quem detinha o poder.

As comissões da Verdade instaladas, com muito atraso diga-se, até que tentaram investigar, mas a maioria das recomendações não foram consideradas ou implementadas.

Temos um dos candidatos a presidência defendendo abertamente e elogiando a época da ditadura, ditadores e torturadores e assustadoramente esta em segundo lugar em todas as pesquisas.

Aqui em Portugal o quadro é outro.

Este ano tivemos a oportunidade de acompanhar de perto as comemorações do 25 de abril, Revolução dos Cravos, que pôs fim a ditadura em Portugal.

Todos, e reforço o "todos", os pronunciamentos, reportagens e  declarações de políticos, de todas as tendências (direita, centro ou esquerda), personalidades, jornalistas e dos cidadãos comuns, trazia uma única mensagem : "Ditadura Nunca Mais".

Vivenciamos isso inclusive na escola primária ou básica onde nossa filha de 6 anos estuda. A transmissão para as crianças destes ideais de cidadania, democracia e liberdade. O 25 de abril também é chamado aqui de "Dia da Liberdade".
Sinceramente que inveja nos deu e como queríamos que o Brasil também fosse assim de verdade. Todos clamando por democracia e liberdade e compreendendo como é bom viver em um sistema onde todas as opiniões são possíveis e respeitadas.Você pode até não concordar com as ideias contrárias mas não pode impedir que sejam colocadas.

Em resumo não existe esse conceito de "só quero intervenção militar para restabelecer a ordem no país" ou "peço intervenção militar mas não estou pedindo ditadura".

Intervenção militar significa a volta da ditadura sim e de todas as consequências que um regime não democrático produz.

Qualquer regime fora daquele escolhido pelo voto universal, direto, soberano e popular é ditadura.

Qualquer coisa que violar a democracia é ditadura. 

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